terça-feira, 7 de abril de 2009

UM CIDADAO DO BEM, UM CORONEL EXEMPLAR


O coronel reformado da Polícia Militar Francisco Spargoli da Rocha, de 61 anos, foi assassinado com um tiro à queima-roupa na nuca, na manhã de ontem, na Rua Benjamin Constant, em São Lourenço, na Zona Norte de Niterói. De acordo com testemunhas, o oficial foi morto ao tentar impedir a ação de bandidos que tentavam assaltar uma casa lotérica na Rua Doutor Carlos Maximiano, no mesmo bairro. Na ação, houve troca de tiros e perseguição. Um dos assaltantes, que ainda não foi identificado, foi baleado com um tiro na cabeça e morreu.
O suposto assaltante chegou a ser atendido no Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal). No início da tarde, o proprietário do estabelecimento compareceu ao Instituto Médico-Legal (IML) e reconheceu o suposto criminoso.
Segundo a Polícia Militar, os assaltantes chegaram em uma moto de cor amarela e em um Xsara Picasso, ambos de placas não anotadas. O objetivo seria roubar a casa lotérica São Lourenço. Ao ver a ação dos criminosos, que já haviam rendido o dono do estabelecimento, o oficial, que estava comprando jornal na banca em frente à casa lotérica, teria tentado frustrar a ação dos ladrões. Mas, um terceiro homem, que dava cobertura à dupla, teria efetuado um disparo na nuca de Francisco.
O caso foi registrado na 76ª DP (Centro) como latrocínio (roubo seguido de morte). De acordo com o delegado adjunto da distrital, Anestor Magalhães, possivelmente, os bandidos são oriundos do Morro Boa Vista, que fica localizado próximo ao local do crime.
"Ele era um guerreiro e morreu como tal. Estamos perto de identificar os homens que cometeram essa covardia", disse Magalhães, que vai analisar as imagens do circuito interno de TV da casa lotérica.
"Vamos verificar se há a possibilidade de identificação dos outros bandidos", informou Magalhães.Ainda segundo o delegado, foram levados R$ 3.600, dinheiro da féria do estabelecimento correspondente ao fim de semana. Para ele, quatro homens participaram da ação.
"Os bandidos de Niterói estão sem rumo. O coronel era conhecido e morador da região. Já sabemos que dois entraram no estabelecimento enquanto outros dois deram cobertura", disse Magalhães.
Oficial estava armado com pistola calibre 380
Segundo a polícia, no momento do assalto, o coronel portava uma pistola calibre 380. Um comerciante, que assistiu a toda a cena do crime, contou os momentos de tensão pelo qual passou.
"Ele estava comprando jornal e percebeu a movimentação estranha e reagiu. O que vimos em seguida foi um cenário de guerra, com muitos tiros", frisou a testemunha, que não quis se identificar.
De acordo com informações da Polícia Militar, o coronel já comandou o 12º BPM (Niterói), de 14 de abril de 1998 a 23 de março de 1999, e atuou como coordenador de segurança da Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap). Spargoli, que comandou também vários presídios do Rio, foi reformado em março de 2007.
A última função dele na PM foi a de comandante do Batalhão de Choque. Ele foi exonerado em outubro do ano passado, após a morte do diretor de Bangu 3, José Roberto Lourenço, quando denunciou na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), a falta de escolta policial para diretores de presídios.
O comandante do 4º Comando de Policiamento de Área (4º CPA), coronel Mário Pinto, afirmou que conhecia o oficial desde a época em que prestaram concurso para a PM.
"Era um grande companheiro. Tenho absoluta certeza de que a polícia será rápida na apuração e na prisão dos assassinos", salientou Pinto.
Honras militares marcam sepultamento do corpo do policial no Cemitério do Maruí
O enterro do coronel reformado Francisco Spargoli foi marcado por muita comoção de familiares e amigos de farda. Oito coroas espalhadas pela capela homenagearam o oficial, que era morador do bairro São Lourenço há mais de 40 anos. Com honras militares, o sepultamento aconteceu às 17h40, no Cemitério do Maruí, no Barreto.
A conduta do oficial foi lembrada pelo comandante-geral da PM, coronel Gilson Pitta Lopes.
"Fui discípulo dele. Ele é um oficial completo. Foi instrutor de quase toda a nossa geração. Só tenho a agradecer pelo grande profissional. Ele era muito querido na PM e em Niterói", comentou.
Entre os comandantes que compareceram à solenidade estava o coronel Élson Haubrichs, comandante do 12º BPM (Niterói), que informou que a PM já está trabalhando no caso.
"Desde o primeiro momento, toda a nossa equipe está investigando e esperamos chegar aos culpados logo", disse.
Dignidade – Já o coronel Marcus Jardim, comandante do 1º Comando de Policiamento da Capital (1º CPC) lembrou dos 20 anos em que conviveu com o oficial na corporação.
"Spargoli teve uma vida pública voltada para o compromisso institucional. Ele representou com muita dignidade a PM. Era uma pessoa simples e que mesmo aposentado exerceu a função policial. É uma grande perda para a sociedade", concluiu.
O tenente-coronel Jorge Luiz Alfaia enalteceu a atitude do colega.
"Ele sempre foi uma excelente pessoa e lutou até o fim" disse.(Tamara Ferreira)
O Fluminense

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