“Nós estamos convencidos que esta crise econômica pode ser resolvida com decisões políticas”, afirma Lula
Com um clima de muita descontração, a visita de Lula a Washington pode ser considerada o primeiro passo de Obama na política americana com relação aos países da América do Sul.
Contudo, não se deve esperar grandes mudanças nas relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos. Historicamente, os EUA veem na Inglaterra como parceiros em momentos de crise e que sempre confluem com seus interesses. Os países abaixo de sua fronteira são aliados importantes, mas não os principais. "Há uma expectativa positiva sobre a relação do Brasil e dos Estados Unidos, mas temos que ser realistas. A grande sinalização vai ser da continuidade desse clima positivo, do aprofundamento entre o diálogo dos países, principalmente nessas questões sul-americanas”, diz Cristina Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista (UNESP).Relações BilateraisDe fato, atualmente a “menina dos olhos” da política exterior brasileira é uma redução das tarifas do etanol e um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (CS-ONU). Na prática, o encontro dos presidentes não auxiliou em atingir essa meta, nem o fará.Países sul-americanos são relevantes para os EUA em momentos situacionais, como o combate ao narcotráfico – que os eles têm como aliado a Colômbia – ou para a aplicação de alguma medida na América Latina. Nesse caso, o Brasil é certamente a melhor escolha, principalmente devido à era Bush, onde os EUA perderam grande parte do apoio dos países da região. Para a professora da UNESP, na América do Sul, os EUA deixaram um vácuo de poder muito grande, que acabou sendo ocupado pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Nesse cenário entra o Brasil como um ponto de moderação e como parceiro importante no campo ambiental, nas questões energéticas e de combustíveis renováveis.ProtencionismoMesmo assim, o protecionismo dos norte-americanos em relação aos produtos primários – as commodities – e ao etanol não deve ser reduzido, ao contrário das expectativas de Lula. Se o Congresso americano observar que os produtos brasileiros estão levando uma boa fatia do mercado, eles simplesmente o bloqueiam criando altas tarifas de importação. Nesse caso, uma boa relação entre os presidentes não serviria de nada. Como o próprio Obama disse: “a barreira enfrentada pela versão brasileira do biocombustível [etanol] não será algo que vai mudar da noite para o dia”.CriseO denominador econômico de EUA e Brasil no encontro foi a Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ela é importante porque busca diminuir as pesadas barreiras tarifárias das potências econômicas a fim de que se obtenha um comércio mundial mais livre, onde a concorrência seria mais “justa”. Com o advento da crise, os presidentes viram que o desfecho da Rodada de Doha está longe de acontecer. Lula, embora observe que em Doha reside uma saída para a crise, concordou que a turbulência financeira tornou mais remotas as possibilidades de um acordo final para os países que participam da rodada. “É complicado fecharmos uma série de acordos comerciais em meio a uma crise, ainda que estejamos comprometidos em esquecer nossas diferenças em relação à Rodada de Doha e outros temas”, disse Obama.Segundo Pecequilo, é muito cedo para existir uma definição final tanto para questão de Doha, quanto para o assento no CS-ONU. “Doha, por exemplo, tem muita ligação com o tema econômico interno”, conclui.
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